quinta-feira, 31 de maio de 2012

VIAGEM À EUROPA - 1998 -HOLANDA A PARIS


VIAGEM À EUROPA  -  23.5.1998  a  25. 5.1998  - ALPES 12ª. Parte
( Elsa Caravana Guelman e Izidoro Soler Guelman; Leila de Fátima Caravana Ávila  e Ary Lima Filho)

                                          LILLE  -   Grande Place  -  lillemetropole.fr                               

23. 5.98: Saída da HOLANDA. 
Passando, na volta, pelo norte da FRANÇA, resolvemos conhecer Lille. Andamos pela cidade, após deixar o carro num estacionamento central. Fomos até a Grande Place, onde existiam vários eventos musicais e jogos. Era um ambiente jovem e turístico. Almoçamos e seguimos viagem.
Lille é considerada como  uma das cidades mais procuradas para o turismo no Norte da França. Conta com vários monumentos:
A  Porta de Paris: construída em homenagem ao rei  Luis XIV
 Monumentos aos combatentes das duas guerras
Gare Lille-Flandres:
Citadelle:
Parque Jean Lebas:
Beffroi: relógio semelhante ao Big Bem de Londres..
Palácio das Belas Artes (palais des beaux arts): Museu

Pelas estradas da Normandia, pesadas construções de pedra  apareciam nas curvas, de repente, como castelos medievais. Nessa caminhada, passamos por ambientes austeros, tranquilos e bonitos, como os da orla marítima em DIEPPE. Paramos em Honfleur. Bem que imaginamos pernoitar ali. Os hotéis, era fim de semana, estavam igualmente lotados. Foi uma pena. Contornamos a pé o centro minúsculo da cidade, uma visão ligeira da praia.
Quando chegamos a Caen, arrondissement do departamento de Calvados, na G.Normandie Cotentin, já era noite. Foi uma dificuldade para arranjar hotel. Por indicação de um hotel, lotado, fomos em busca de um outro, bem distante do centro da cidade, na estrada, hotel Ibis. Esse local se chamava Falaise. Não tinha o que se ver na noite escura, em plena estrada. O jeito foi dormir logo.
Falaise, arrondissement do departamento de Calvados (55) pertence a Grande Normandie Cotentin. No hotel havia prospectos com referências a pontos turísticos que, infelizmente, não tivemos como conhecer: Château du 18 siècle em um grande parque e a Eglise de la Trinité.

                                                 Hotel IBIS - FALAISE (Calvados) -ibishotel.com


24,5,98:Saída de FALAISE


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Uma verdadeira surpresa: já que, do cálculo da viagem, sobrara um dia, pois devolveríamos o carro somente no dia 25, optou-se por uma visita ao MONT ST. MICHEL, arrondissement de Avranches, do Departamento de Manche (50 ), da G. Normandie Cotentin. Ele fica na divisa com a G. Bretagne, no norte da França.
Quando chegamos ao Mont Saint-Michel, e  isso deve ocorrer com todas as pessoas, fomos tomados de surpresa e deslumbramento diante da imponência que se avistava ao longe.
( Recordei-me logo  de  “Le Horla”, de Maupassant. O personagem contava sua visita ao Mont St. Michel. Ele descrevia a visão de quem chegava perto do fim do dia. Avistava a cidade sobre uma colina, rodeada por uma imensa baia que se estendia, a perder de vista, sob um sol de ouro que desaparecia aos poucos no horizonte ainda “ flamboyant”, mas ainda iluminava o fantástico rochedo que exibia em seu cume um monumento. As águas haviam engolido a areia, que, no dia seguinte, quando a maré baixasse, voltaria para dar passagem ao monte. No dia seguinte ele penetrou na mais bela construção gótica sobre a terra (“vaste comme une ville, pleine de salles basses écrasées sous des vôutes et de hautes galeries que soutiennent de frêles colonnes”). Descreve sua entrada nesta gigantesca joia de granito, também leve como uma renda, coberta de torres, que lançam, no céu azul do dia ou no céu negro da noite, cabeças bizarras de quimeras, de diabos, de animais fantásticos,etc. Ele fala de um monge que ficava do alto do penhasco, com ele, ao sabor do vento, vendo a subida do mar correndo sobre a areia e cobrindo-a de uma couraça de aço .Ninguém melhor do que Maupassant descreveu o enorme bloco de pedra que sustinha a cidadela dominada pela grande abadia)

  
                                                 Mont Saint-Michel      landofblogging.wordpress.com

Victor Hugo comparou a velocidade vertiginosa da maré a um cavalo galopando como se empurrado pelo vento, talvez  por causa dos inúmeros acidentes ocorridos  com pescadores e  visitantes,  tomados de surpresa pela armadilha do fenômeno das marés, que, encontrando um mar inteiramente submisso, em poucos minutos, num transbordamento gigantesco, cobrem a terra de água,  num  espetáculo  semelhante  a  um verdadeiro bailado  marítimo,   ao separar o monte do continente. Uma beleza inesgotável  para os que permanecem no monte e, também, para os que, de longe, no continente , avistam o monte.

                                           Mont Saint-Michel            walldesk.net

Para o visitante, que está em terra firme, a visão da noite deve ser deslumbrante. A luminosidade dos projetores sobre a fachada revelam detalhes que o dia não permite distinguir. Nas imediações do monte, o visitante descobre um imenso panorama de construção medieval, percorrendo uma infinidade de  edificações desde a ponte ao cume do rochedo. 
O Monte St. Michel, consagrado a St. Michel em 708, foi confiado aos monges beneditinos em 966. A abadia foi transformada em prisão com a revolução até 1863 .
Fizemos um passeio completo pela abadia e cercanias. A visita se deu em três níveis: superior ( abadia); intermediário ( criptas, salas dos hóspedes e sala dos cavaleiros) e inferior ( Aquilon, Ceellier, Aumônerie). O Monte congrega os seguintes estilos: romano e pré-romano, gótico e flamboyant. O folheto distribuído na portaria, para orientar a visita, esclarece que os três níveis do monastério refletem, de alto a baixo, a organização da sociedade medieval - clero, nobreza e terceiro estado - e a hierarquia do alimento espiritual, intelectual e material. Existem eventos e espetáculos  noturnos pelo interior da abadia ao som de musica, no silêncio, na sombra e na claridade, procurando reviver a dimensão histórica, simbólica e espiritual da abadia.  
Há muitos passeios pelos arredores do monte, e, um deles, as Falaises de Champeaux ,são consideradas de alto valor paisagístico por sua área florida em ambiente panorâmico, descortinando a imensidão da baía de Saint-Michel.
                                                Mont Saint-Michel   -  tripideas.co.uk
                                  
Na entrada,  são encontrados os restaurantes, cafés e lojas diversas.É a parte mais animada do local com  os turistas e visitantes concentrados no decorrer do dia. Compramos algumas lembranças numa pequena loja e visitamos uma outra de objetos de arte local.
Dizem que o Mont Saint-Michel, a maravilha do Ocidente, continua, apesar do afluxo  turístico,  que recebe, noite e dia, a destinação ideal para acolher o peregrino nostálgico, com o charme medieval  de sua abadia beneditina. É de se estranhar que o local ainda não tenha um provérbio forte, como Roma ( todos os caminhos levam a Roma) e Veneza (ver Veneza e morrer), pois além de ser um passeio inesquecível, ele congrega, em sua arquitetura preservada, a história de uma época.
Quando deixamos a área do monte ficou ainda uma multidão de carros. Não estávamos, de modo algum, fugindo das marés, mas sim para continuar nosso percurso em direção a Paris.






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Pernoite em DREUX. Hotel Campanille, onde jantamos muito bem. A rede hoteleira Campanille é muito conceituada na Europa.
Dreux , arrondissement do departamento de E. et L. (60), pertence à Região G. Normandie Vallée de la Seine. O hotel ficava na estrada, foi só para jantar e dormir. 
Dreux  conta com a natureza e a tranquilidade que se unem para propiciar a visão de belas paisagens dos vales l’Eure, de la Blaise et de l’Avre em diversos passeios.É, também, um rico patrimônio  constante da  Chapelle Royale, l’église Saint-Pierre ,o cemitério merovíngeo de Saulnières, o castelo de Boullay-Thierry ou os antigos moinhos   de Villemeux-sur-Eure.



25.5.98: Saída de DREUX. 

                                          DREUX  -  blog.travelpod.com







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Chegada a PARIS. Hotel Excelsior. 9 noites: De 25.05.98
a 03.06.98
26.5.98: Visita ao Pantheon.

                                                PANTHEON -   norstad.org
          


( Aqui fica mais uma confissão que não posso deixar de fazer.  A minha emoção comanda. Na viagem vi muita cidade bonita e até deslumbrante como Nice, Cannes, Annecy, Brugges, Strasbourg, Amsterdam, etc. Porém, hoje,em Paris, do alto do Pantheon, com vista total da rua Soufflot, adornada pelos prédios de ambos os lados, pelas soberbas construções da Faculdade de Direito e da Prefeitura do 5eme. arrondissement, senti-me enebriada . A rua é , ao mesmo tempo, acalorada pelos toldos vermelhos dos bistrôs e acalmada pelo verde gritante do Jardim de Luxembourg, tendo, bem ao fundo, a torre Eiffel. Senti uma espécie de rajada não só de brilho mas ainda carregada de imponência pelo conteúdo histórico que a visita revelou, tanto na crypta, de Voltaire a Malraux, como na observação “in loco” do Pêndulo de Foucault).
                                          Jardins du Luxembourg    tripwow.tripadvisor.com

Em Paris ficamos no hotel Excelsior, na rue de Cujas, no 5eme. arrondissement, nas imediações da Sorbonne.  A convite nosso, almoçamos todos no restaurante Salambô, especializado em comida marroquina e tunisiana. Por convite de Leila e Ari almoçamos num restaurante chinês-judaico nas imediações do hotel Campanille, na Republique.
Na rua de Cujas e ao lado do hotel estava instalado um cinema. Um cinema especial onde só passavam filmes especiais. Travei conhecimento com a bilheteira e ela me forrneceu xerox do filme a que assisti.

( Era uma tarde chuvosa. Chovia forte, não dava para sair em passeio. Ninguém me acompanhou, apesar dos convites, ao cinema na rua de Cujas, junto ao hotel. Assisti ao filme “Passage”, do diretor tcheco Juraj Herz. A temática lembrou-me Kafka e seu “Castelo”. Um filme metafórico. A crítica francesa o considerou marcado pela “nouvelle vague”. Há uma mistura de realidade e fantasia numa ambiência onírica em meio a um jogo de espelhos, que são ressaltados por um colorido agressivo de cores quentes e significativo pela posição que ocupa nos corredores da galeria. O filme retrata a vida de um homem normal, vivendo o seu cotidiano, que se abriga numa passagem para fugir de uma forte tempestade. O personagem é imediatamente arrastado para dentro da galeria, para um labirinto e projetado numa verdadeira espiral de acontecimentos imprevisíveis, bizarros e insólitos.   O filme é uma porta fechada (huis clos).  Como encontrar a saída ? Acudiu-me um filme famoso, o “Anjo Exterminador”, de Bunnuel, também metafórico e onírico, onde era quase impossivel encontrar a saída. O cinema de arte não é apenas diversão, pois ele obriga o expectador a meditar sobre a vida em busca de uma solução para os “porquês” insondáveis da existência humana. Ah! como gostaria de rever este filme!)

                                            Filme PASSAGE  - nova-cinema.org


"Coincé dans un embouteillage monstre , Michal Forman est contraint de sortir de sa voiture, sous une pluie diluvienne, et de se réfugier sous un porche. C’est alors qu’un homme surgit devant luiŠ Adaptée du roman de Karel Pecka, auteur de pamphlets contre le régime tchèque, l’intrigue déroule l’errance d’un homme ordinaire dans les galeries d’un passage commerçant. Une pulpeuse vendeuse de fleurs en une mante religieuse, un ventripotent chef-coq servant dans un sauna, un gardien de nuit, une fillette, un comique ivrogne et des hauts responsables moribonds, tous agissent sur Forman comme sur un aimant. C’est à cet anti-héros et aux spectateurs de dénouer les fils de ce film surréaliste. Comme dans un tour de presdigitation où la formule abracadabrante serait celle du cinéma, "Pasaj" est aussi un film dans le film, puisque les dispositifs cinématographiques s’enchâssent dans le scénario lui-même pour décliner en trois versions distinctes la chute du film."


                                                  SORBONNE  -  hoteisparistrianon.com

Conheci, por sinal, uma Passage parisiense, também importante, pois foi tema de um romance, “Morte a Crédito”, de Louis-Ferdinand CÉLINE: a Passagem Choiseul. Muito longe do que foi retratada no romance, ela, contudo, deixava entrever, pelas construções antigas, a importância que tivera no passado, quando as Passagens desempenharam, elegantemente, o papel que coube, no futuro, aos grandes magasins dos boulevards haussmannianos. 
No Parque Monceau, bucólico e acolhedor parque da burguesia francesa, notamos e assinalamos a casa n. 5, da rua Van Dick, que pertenceu a um comerciante de chocolates. Depois de admirá-la, em poucos minutos, pela rua Hoche, chegamos aos Champs Elysées. Do silêncio bucólico do Parque atingimos à multidão, que se estendia por todo o percurso da elegante avenida até a praça da Concórdia, numa mesclagem de roupas coloridas e esfuziantes.E era uma multidão, gente de todo lado. (A multidão lembrava  Walter Benjamin e suas "Passagens", Charles Baudelaire e "As Multidões" e Edgard Alan Poe e "O homem das multidões").
Foi, numa banca de jornal, que lemos a notícia da greve da Air France.
A greve da Air-France nos permitiu permanecer mais um dia em Paris. 

                                          Vista do SENA              hotelpulitzer.com   

3.6.98: Embarque em Paris, via AIR-FRANCE, para o Rio de Janeiro
4.6.98: Chegada ao Rio. Fim.

( A viagem teminaria assim, como tantas outras viagens que são feitas no decorrer da vida. Em pouco tempo, os detalhes seriam perdidos, as novidades seriam esquecidas, deixando, apenas, uma leve lembrança, um pequeno resíduo que, contudo, não resistiria ao tempo. Foi, então, temendo isso que resolvi documentar os detalhes mais subjetivos e significativos, aqueles que, por não fazerem parte do dia a dia de cada um, causaram boa impressão na viagem. Se fosse fazer um balanço da viagem, eu diria que ela foi ótima, embora tenha fugido do roteiro original, pois se eu perdi, por culpa da neve, muitas cidades envolventes, ainda,  por culpa da neve, ganhei a visão de locais não previstos e que jamais teria oportunidade de ver e conhecer, apesar da pressa com que foram visitados. Foi a  nossa primeira viagem de carro na Europa.  Finalmente, um agradecimento a Leila e ao  Ary  por nos ter acompanhado nesta viagem  tão  especial, plena de surpresas, que possibilitou inusitadas aventuras, em terras longínquas.. Será que um dia a repetiremos?)

                                          Paris - Cidde luz




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