segunda-feira, 30 de abril de 2012






VIAGEM À EUROPA  -  18.5.1998 a 20.5.1998  - ALPES 10ª. Parte
( Elsa Caravana Guelman e Izidoro Soler Guelman; Leila de Fátima Rocha Caravana e Ary Lima Filho)




                                         BRUGES   -  Foto:arquitecturamovel.blogspot.com





Depois de uma viagem cheia de surpresas e descobertas, passando por paisagens que diferiam de um lugar para o outro, chegamos a Bruges. Sempre  a mesma luta em tentar conseguir um bom hotel em boa localização para não se perder tempo com distâncias longas. O carro deu muitas voltas pelo centro da cidade e, quando menos se esperava,  apareceu o hotel, simples, aconchegante e numa rua perto da Grande Place de Bruges. Realmente, o Hotel Voermanshuys ficava muito bem situado no coração da cidade velha, rua Oud Burg, onde todos os acontecimentos sociais e culturais acontecem, diariamente, e onde estão localizados os restaurantes mais significativos de Bruges.






Descrever Bruges é revelarr uma cidade harmoniosamente sóbria, encantadora, ativa e que soube guardar sua identidade.  A idade de ouro de Bruges  ocorreu no século XIV, quando se tornou o centro comercial mais importante da Europa, com um nível de vida muito elevado, provocando uma afluência de artistas e estrangeiros.A  ligação com o mar tornou-se sua artéria vital no  desenvolvimento econômico e cultural. No século XIII a industria têxtil se iniciava, e Bruges já era produtora de lã e tinha comércio ativo com a Inglaterra. Essa parceria fez de Bruges, com o passar dos anos, uma cidade  rica e poderosa com  grandes mercadores da cidade. Esse comércio atraiu outras cidades, tornando o porto de Bruges um dos mais movimentados pelos inúmeros navios que  ali passaram a atracar em busca de mercadorias.




.(Bruges é uma típica cidade medieval. Eu ansiava por conhecê-la melhor, Em 1995, quando visitei a Bélgica, ela fez parte do roteiro. Não consegui filmar o passeio de barco, pois a bateria falhou. Agora, então, estava decidida a ver o mais que pudesse, porque era uma oportunidade única. Nem acreditava que, chegaria lá, que o carro andaria pelas ruelas, sem conhecimento do local, dos hotéis até que uma verdadeira joia muito bem foi localizada: um hotel na parte antiga, histórica, da cidade. Fiquei na janela olhando a rua e vendo as casas que mais pareciam de brinquedo, de sonho. Mas não eram de sonho, nem de brinquedo, pois em muitas delas funcionavam os prédios públicos da cidade.Eu me recordo do trajeto que fazíamos do hotel à Grande Place. De ambos os lados da rua,  os prédios, muito bem preservados, alinhados pareciam aguardar a nossa passagem. Era um caminhar solene por entre aquelas construções medievais que tantos segredos guardavam de um passado longínquo e que, depois de terem acolhido em suas dependências um número infindável de pessoas que a morte levou por anos a fio, ali estavam perfeitos e  firmes e continuariam a estar a espera de outras pessoas para os admirar como eu os estava admirando. naquele momento, pois continham em si a eternidade..)


                                          BRUGES -  Foto: world-travel-photos.com

Na verdade, quando se chega a Bruges  experimenta-se logo  uma sensação de que se chegou a uma cidade que não está no nosso tempo e que, portanto, voltamos no tempo, que fomos para a época medieval, seja pela  harmonização dos prédios em silêncio, fechados,  seja pelas charretes cruzando as estreitas ruas, seja pelo sentido de eternidade que parece envolver cada janela, cada porta,cada telhado da cidade..
Almoçamos e jantamos pelas imediações, tanto no almoço como no jantar uma comida típica. Uma delas teve um molho especial à base de cerveja. Existem muitos pratos com cerveja, pois a Bélgica é conhecida pela centenas de cervejarias que possui, e Bruges também tem sua cerveja, a Brugse Zot, fabricada pela De Halve Maan desde 1546.





Atualmente, o artesanato de renda domina o comércio, em toalhas, colchas, enfeites, golas de roupa, arranjos de mesa,  uma variedade enorme e  uma confecção fina, leve e elegante
Encontram-se pelas ruas mulheres rendeiras, uma tradição artesanal que vem de geração em geração desde a Idade Média. Elas passam o dia tecendo seus trabalhos de um modo  primitivo e não falam com os turistas, pois não podem tirar os olhos  dos fios de que se utilizam para compor sua peça. Na maioria são idosas e se vestem de preto. Não consegui comprar nada com elas  pois não paravam de trabalhar com aqueles fios.

                                          BRUGES  -  Foto: cadernosdeviagem.blogspot.com

A Grande Place é imponente - a Grote Markt – é  a mais famosa praça da cidade, ostentando construções medievais em excelente conservação em seus quatro lados. O turista se sente rodeado arquitetonicamente por uma profusão de cores e estilos, parecendo um mundo de sonhos que se alonga aos seus olhos, lembrando pinturas antigas, homogêneas e significativas. Na praça  encontra-se a Tour des Halles ou Beffroi, uma torre gigantesca que simboliza, segundo os manuais de turismo, o desejo de liberdade dos habitantes da Idade Média, datando do século XIII. Após subir seus 366 degraus, o turista contemplará, numa imensa vista panorâmica, toda a cidade de Bruges  em seus mínimos detalhes até os confins. Além da altura  ainda há um carrilhão com quarenta e sete sinos.




                           Pieter de Coninck e Jan Breydel,  Foto: waatp.nl


Na praça encontram-se duas estátuas de bronze em honra a Pieter de Coninck e Jan Breydel,  dois heróis populares da batalha dos “Eperons d’Or”.  A seguir, avistam-se o Palais Provincial com sua fachada em pedra branca e o prédio de la Poste. Ao norte da praça, em frente ao Beffroi, ficam, harmoniosamente dispostas,  uma série de construções pequenas com suas fachadas típicas e seus terraços impregnados de sol.  Muitas dessas casas trazem seus nomes nas fachadas. É um conjunto belíssimo e representativo, em muitas fotografias, da praça. Fazem ponto no local  as charmosas charretes para os passeios pelas ruelas da cidade. Saindo da Grande Place para chegar à Praça Burg, que é também reveladora da cidade, basta percorrer a rua Breydelstraat, que separa as duas praças.


                                         BRUGES  -   Foto:cidademedieval.blogspot.com


A Praça Burg era originariamente o centro de Bruges, onde havia uma fortaleza do Conde  Baudoin I e a igreja de  St. Donatien, que desapareceu.Enquanto na Grande Place é o  comércio que predomina, a Praça Burg é o centro administrativo da cidade.   O que chama a atenção pela sua imponência é o prédio da Prefeitura (Hôtel de Ville), um dos prédios mais antigos da Bélgica, com suas pinturas murais que focalizam em imagem os grandes momentos históricos de Bruges. O prédio da prefeitura é, realmente,  um dos pontos imperdíveis do local. Construído entre 1376 e 1420 em estilo gótico, é o prédio mais antigo da cidade com valiosos tesouros históricos. Um de seus aposentos mais famosos é a capela Heilige-Bloedbasiliek.  Há uma cripta de St. Basile acima da capela  do Saint- Sang (Basílica do Sangue Sagrado), igreja famosa por conter uma "cápsula" com gotas coaguladas, supostamente do sangue de Cristo.
Do lado esquerdo da Prefeitura descobre-se o antigo Greffe Civil, um imóvel representativo da renascença flamenga,  exibindo na fachada a data de 1537


                                         Bruges        - Foto: viagenslacoste.blogspot.com


Brugge, por ser  rodeada de canais é conhecida como  a Veneza do Norte. Resolvemos dar um passeio de barco, que é um  dos programas mais apreciados pelos visitantes. Começando nosso passeio pela “Blinde Ezelstraat”,  um antigo albergue,  penetramos nos  famosos canais que cruzam a cidade.  Como Veneza tem ruas aquáticas que são percorridas por barcos  turísticos. Nessa travessia admiramos as pontes, uma vista sobre o Beffroi, orgulho  flamengo, uma “Maison Espagnole”  com dizeres na fachada, homenageando  um poeta flamengo, uma outra vista sobre a igreja Notre-Dame e a pequena ponte de Boniface de 1910,  um busto de Juan Vives, humanista espanhol que viveu em Bruges de  1517 a 1540, um  palácio dos Senhores de Gruuthuse (que se enriqueceram com a venda de uma mistura de espécies para dar gosto à cerveja), o hospital Saint-Jean, a “ Walstraat” com suas rendeiras, um belo bebedouro para os cavalos que são usados nas ruelas da cidade,    uma casa com janelas venezianas em cristal,  o arvoredo das margens do canal, enquanto nossos olhos devoravam  as construções históricas que apareciam no trajeto, tendo ainda a visão do Museu  Groeningue, onde se encontram quadros célebres como “La madonne et  la  chanoine Joris Van der Paele”. A seguir  a ponte do Beguinage por onde se entra no interior do conjunto arquitetônico, com numerosos cisnes nadando  nas águas tranquilas do lago.( Uma lenda sobre os cisnes diz que eles protegem a cidade contra as catástrofes, que teriam sido trazidos a Bruges para vingar a morte de Pieter Lanckhals – long cou --).  Surge a ponte do Lago do Amor com uma fantástica visão da cidade.     Observei que nesse canal – Minnewater --  muitas pessoas atiravam moedas às águas. Uma supertição ? Não, diversos casais assim procediam porque a lenda diz que o canal dá  sorte aos namorados. Em agradecimento  atiram moedinhas em suas águas. Assim terminou o passeio de barco.
                                             BRUGES    Foto:  dicasdeferias.com


Conhecemos o “Beguinage”, quarteirão de casas formando um núcleo  habitacional  que é um conjunto arquitetural flamengo composto de casas, de igrejas, com espaços verdes organizados de acordo com uma concepção espacial de origem urbana ou rural e construídos em estilos específicos para a região cultural. São um testemunho excepcional da tradição das “béguines” que se desenvolveu na idade Média no norte-oeste da Europa . Imediatamente  nos veio à mente a lembrança das “béguines”,  mulheres que ali viveram no passado,  abnegadas  que consagraram suas vidas  a Deus sem se retirar do mundo.


                                          BRUGES - AS RENDEIRAS BÉGUINES



Por volta de  1225, um grupo de jovens sem recursos forma uma associação piedosa de “béguines”.para atender às suas necessidades espirituais  e materiais.  As “ béguines” usavam  “béguins” , uma espécie de coifa( chapéu), cobrindo toda a cabeça. Instalam-se perto de um curso d’água, num local isolado “La Vigne”, no exterior da cidade e ganham sua vida  como  tecelãs. Na  ocasião, a condessa de Flandre,  Marguerite de  Constantinople, passa a protegê-las em 1245, obtendo do bispo de Tournai,  a autorização para que o local em que viviam se transformasse numa paróquia independente. Sua autonomia  é amparada por um privilégio do rei Felipe, o Belo, que  manteve o Béguinage sob sua tutela direta e em 1275 o Béguinage é englobado nos limites da cidade. 








Quando se faz uma viagem desse porte é importante que se consiga ver e compreender os aspectos mais significativos da cidade, objeto da observação,  para fornecer ao nosso espírito, à nossa mente o alimento cultural  de que necessitam para sua satisfação pessoal. Ver é muito importante e saber ver é mais importante ainda, pois não se prende somente ao que os olhos captam, mas sim a tudo o que vem de dentro da gente, uma verdadeira erupção de sensação, emoção e sensibilidade diante do que é revelado pelo olhar. Posso, então, dizer que Bruges  participou dessa visualização consciente e emocional, pois saímos realizados com o que vimos.


                                          BRUGES - Lago do Amor   Foto: minube.com.br


                                            VÍDEO    BRUGES









domingo, 22 de abril de 2012


VIAGEM À EUROPA (16.5.98a18.5.98)-ALPES 9a..Parte.                                                                    (Elsa Caravana Guelman e Izidoro Soler Guelman, Leila de Fátima Caravana Ávila e Ary Lima Filho)



                                                      Bour-en-Bresse         Foto:letour.fr



De novo na estrada com os olhos no mapa rodoviário. Nossa direção era Strasbourg. Antes, porém, passaríamos por Bourg-En-Bresse, que é arrondissement e capital do departamento de AIN (01), da região da Grande Bourgogne. A cidade é considerada a capital e o grande mercado de aves brancas abundantes, vindas do interior. Uma espécie de galinha caipira, mas uma galinha caipira especial,  muito especial  Seria o nosso almoço.
Tínhamos, inclusive, uma indicação de um frango originário da região: “Poulet à Bresse”. Outra indicação seria conhecer a Igreja de Brou, de 1513/1532, num estilo  gótico tardio.
 Na praça principal da cidade, escolhemos o restaurante Trichard por estampar em seu menu a especialidade local, que, realmente, foi deliciosa. Um frango bem quente, com um molho grosso de . ameixa e um sabor todo picante. A preocupação das pessoas que chegavam era de procurar um restaurante. Tenho a impressão de que todos levavam a indicação do famoso prato. Os três restaurantes estavam lotados. Contamos com a boa vontade da dona do restaurante que, imediatamente, providenciou nossos assentos, quando explicamos que tínhamos de seguir viagem rapidamente.
Sobre  “Le Poulet à Bresse”, lemos o seguinte: “Le dandy poulet est élégant et raffiné et se distingue des autres gallinacés par son allure altière et sophistiquée avec un plumage rehaussé d'or et de nacre. De Lydie Thonnerieux & Christophe Muller (Restaurant Bocuse)
“O frango dandy é elegante e refinado e destaca-se a partir de outros galináceos  pelo seu olhar altivo e sofisticado, com uma pena adornada com ouro e pérola. Lydia Thonnerieux & Christophe Muller (Restaurante Bocuse). Há  diversas configurações do frango por toda a cidade, não como propaganda de algum restaurante, mas sim como um verdadeiro emblema do local. Ora colorido, ora dourado, de todas as maneiras, sempre o frango de Bresse, como, por exemplo, no Boulevard de Brou, em que ele aparece totalmente dourado. A cidade inteira parece viver em função do frango. A curiosidade nos obrigou a conhecer e a saber mais sobre  a origem  dessas aves.


                                                  Le Poulet-de-Bresse  Foto:leprogres.fr




Ficamos sabendo que a capital do Poulet  se chama Romenay e que está  situada no limite da Bresse savoyarde e da Bresse bourguignonne, possuindo  muitas criações de volailles de Bresse. A cidade seguiu toda a evolução de  Bresse  de uma maneira geral até   que as explorações agricolas desapareceram.. Para uma das festas mais importantes da região, o. Comité de  festas organisa la Fête du Poulet de Bresse  que atrai numerosos visitantes para degustar o poulet rôti ( rosti) no espeto (à la broche),  e assistir ao espetáculo que anima a cidade durante todo o dia.
Avista-se pelo caminho pequenas fazendas de Bresse, onde  são criadas essas “volailles”,  que,  até uma época bem recuada, viviam  completamente isoladas  e eram autossuficientes  As “ volailles” , todas brancas estão sempre em liberdade em grandes prados com galinheiros  por toda a área..
Os criadores e a população sentem-se orgulhosos com a propagação da fama do « Poulet de Bresse » e a reputação da cidade de ser uma das melhores mesas gastronômicas que existe na região e nos arredores desde 12 de novembro de 1591.  Para os Bressans,  a degustação de um bom frango deve ser acompnhada de um bom vinho.. Há pequenas diferenças entre um lugar e outro no preparo do frango, há quem diga.
« Mais une chose est certaine : une volaille de Bresse ne peut être bien produite qu'en Bresse. » E, assim, terminam com a questão.
BRESSE , historicamente,  era uma antiga província da França e tendo em vista que os limites das antigas províncias não eram rígidos, Bresse seria  uma província dentro da província da Borgonha.




                                                 Bourg-en-Bresse    Foto:panoramio.com





                                                         


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                                                    BESANÇON




A tarde, chegamos a Besançon, que é arrondissement e capital do departamento de DOUBS (25), da região Grande Jura. A antiga província se chamava Franche-Comté. Notamos logo a existência de uma cidadela, cortando o centro da cidade Neste cidadela há um museu . E dentro desse museu, além de diversos setores culturais e históricos, há o museu “de la Résistance et la Déportation” . É considerada a capital francesa da “horlogerie”, desde 1660, contando com grandes firmas técnicas em atividade.
Ficamos pouco tempo em Besançon, o tempo suficiente para esticar as pernas, dar uma olhada nas imediações e tomar um refrigerante e um café..
A cidade que, na antiguidade se chamava Vesontio, fica às margens do rio Doubs. Foi tomada pelos romanos em 58 a.C. Sobreviveu e na idade média se torna sede de um arcebispado.
Besançon foi uma importante cidade da  época galo-romana. Fazia parte da rota de Roma. Existe uma praça arqueológica (Square Castan)  com as 8 colunas coríntias com vestigios arqueológicos do centro histórico de Besançon. Está situado no quartier Saint-Jean, rue de la Convention.  A conhecida e muito visitada Porte Noire, outra indicação turística do passeio,  representa
 um  arco   do triunfo em homenagem ao imperador Marco Aurélio.
A atividade Relojoeira apareceu o fim do século XVIII por iniciativa de   Laurent Mégevand, que negociava com relógios, fundando em 1793 a Manufatura Francesa de Relojoaria criando numerosos ateliers que contou com  relojoeiros de Locle, Neuchâtel, Genebra e Porrentruy.  Assim, a indústria relojoeira foi lançada em Besançon, no Doubs.
 Minha atenção começou a se deter sobre o tipo de construção da maioria dos prédios em Besançon, o que lhe dava, entretanto, uma unidade arquitetônica perfeita. Eram possantes  as paredes  revestidas de uma pedra de cor beige-ocre e ao mesmo tempo mesclada de um azul-cinza. Diferente e interessante. A curiosidade fez com que me inteirasse do fenômeno.


                                                 Pedra de Chailluz   Foto: viverplenamenteparis.blogspot.com


 Tratava-se de uma pedra calcárea que era retirada da própria região, da floresta de Chailluz, que é um massiço da própria comuna de Besançon, no Doubs. Esta floresta é atravessada por uma estrada. A pedra é composta de calcários  datando do Bajocien1  que cobrem une grande parte das rochas em nivelamento da  Floresta de Challiuz. A maioria das construções, repetimos,  do centro antigo de Besançon  são edificados com esta pedra extraída de  pedreiras próximas da cidade e que tem a particularidade de apresentar as duas cores, duas tonalidades. beige-ocre com grandes manchas  de cor bleue-grise ditas « bleu de Lignières ». Esta pedra foi imposta em 1569  a fim de por termo aos incêndios destruidores que castigavam regularmente e destruíam quartiers inteiros então feitos em madeiras. 
Eis o que se diz sobre a conservação dos Monumentos: “La pierre de Chailluz -calcaire bicolore gris-bleu et beige-ocre- , utilisé à Besançon et que l'on remarque sur les façades récemment ravalées, donne leur unité aux maisons hautes aux toits pentus. Elle provient de niveaux géologiques de l'ère secondaire et est extraite du sous-sol de la région depuis 1569, date à laquelle il est imposé aux bâtisseurs d'élever les façades sur rue en pierre.”
Na Praça da Grande Rua viveu Gustave Courbet e  nasceram Charles Nodier, os célebres irmãos Lumière da cinematografia  e o escritor Victor Hugo. no n.140.  Nesse endereço sempre ocorrem diversas manifestações culturais em homenagem ao grande escritor, que é um orgulho para a cidade.
Besançon é uma cidade voltada à arte, à cultura e à história, animada por sua Cidadela, seus museus e suas galerias de pinturas. A Citadelle de Besançon é uma das principais atrações, construída de 1668 a 1688 por Vauban - engenheiro, arquiteto militar, urbanista ensaísta francês, também  considerado precursor do iluminismo. Ele foi nomeado por Luís XIV como Marechal da França. .  A visita à Citadelle deve durar mais de 4 horas, por esse motivo nem se pensou nessa hipótese. Que pena!


                                                      Citadelle    Foto:dokatano.blogspot.com


A Cidadela, por sua importância histórica, está inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco.
( Ainda no carro, pensei. Quantas coisas existem pelo mundo afora e não se tem como tomar conhecimento delas. A gente só consegue conhecer algo quando ele chega ao nosso conhecimento através da  visão,  pelo tato,  pela audição ou pela leitura aprofundada .. Sem esses elementos só se pode imaginar ou criar uma  situação sem existência real, concreta. Assim, nessa viagem, ao chegarmos em Bourg-Em_Bresse já sabíamos da existência do Pouklet à Bresse. O que não se sabia era o quanto essa iguaria representava para a cidade no tocante  ao turismo e à vida econômica. A gente viu com os próprios olhos. Quanto a Besançon o seu ponto alto para mim foi a arquitetura da cidade. Ao examinar o primeiro prédio antigo, achei que ele estava com manchas e, ao ver mais um, mais outro, notei o mesmo tipo de mancha. Aquele fator constante me fez concluir de que se tratava de uma feição característica da arquitetura de pedra local. E aí ficamos sabendo de tudo, que havia uma floresta na região, chamada Chailluz, e que, nessa floresta, eram retiradas pedras para as edificações urbanas, em substituição à madeira que havia provocado incêndios em quartiers inteiros. Da necessidade de proteção saiu, pois,  a concepção artística para aprimorar  as construções do passado com a pedra bicolor: . gris-bleu et beige-ocre. O tipo de pedra colorida com pequenas manchas criou um conceito arquitetural em Besançon, com a apropriação pelos artistas de um desenho da natureza.)


Foto: prof2000.pt


Besançon




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                                                     COLMAR _ Foto: igougo.com


Chegada a COLMAR, arrondissement e capital do departamento de HAUT-RHIN ( 68), da região Grande Alsace Lorraine. Pernoitamos no Hotel Colbert perto da estação ferroviária. À noite fizemos um passeio pelos arredores até o centro da cidade. As casas alsacianas antigas , com balcões floridos, torres e sacadas ornamentadas, ficavam nas imediações da praça da Ancienne-Douane. É uma construção soberba, com uma galeria de madeira e uma escada que terminava numa torre, datando de 1480. A praça continuava nas ruas dos Marchands e Mercière, que formam o coração da cidade antiga.
Colmar tem uma história interessante, pois a cidade soube preservar uma excepcional homogeneidade de seu centro histórico. A imensa zona de pedestres possibilita aos visiatntes admirar as riquezas arquitetônicas de um patrimônio tão requintado e  variado, desde a Idade Média ao século atual.


                                              COLMAR            Foto:betterphoto.com


Descobre-se, passeando ao longo do quai de la Poissonnerie, que antigamente, destinado à pesca, era  o centro da venda de peixes, o charme desse quartier pitoresco que é conhecido como « Petite Venise ».
Nos restaurantes no Vieux Colmar,  as garçonetes que servem às mesas , usam roupas típicas, constando de uma ampla blusa branca em algodão com mangas rendadas  longas, uma saia vermelha  vasta e, também, longa, cobrindo os joelhos, com uma barra bordada, e um avental preto com sua barra bordada.
Vimos a Maison des Têtes, construída em 1609,  pelo mercador Anton Burger, que é um belo edifício da Renaissance allemande, devendo seu nome às cabeças ou máscaras grotescas que ornamentam sua fachada de três andares.


                                                       Maison de Pfister   Foto:photos.igougo.com




A Maison Pfister é um dos símbolos do velho Colmar e tem o nome de um de seus proprietários e foi construída em 1537 por um chapeleiro, Ludwig Scherer’
Apreciamos a  área pedestre do Vieux Colmar,    uma das mais vastas que conhecemos e nos permitiu admirar as imensas relíquias de um patrimonio arquitetônico histórico e cativante. A Idade Média deixou exemplos de arquitetura  gótica como  a Collégiale Saint-Martin ou l’église des Dominicains.
Le Koïfhus (l’Ancienne Douane) foi terminada em  1480 e é a mais antiga construção pública da cidade.  Na época representou um papel central na vida econômica de Colmar, servindo de depósito, em 1370,  de todas as mercadorias importadas de Colmar.
Na verdade, a cidade de COLMAR parece uma página colorida e extraída de  de um conto de fadas para uma demonstração viva, um verdadeiro espetáculo para os turistas, como se aquele ambiente não fosse o seu cotidiano.


                                           COLMAR   Foto:splendorsofeurope.com




                                                  COLMAR




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              FREIBOURG   Foto:passioneperviaggio.blogspot.com




17.5.98: Saída de COLMAR logo pela manhã, após o café e um rápido passeio pelos arredores.  Fizemos um desvio da rota e resolvemos conhecer FREIBOURG, onde compramos um relógio Cuco, com uma orquestra de dançarinos e passarinhos. Uma relíquia dos relojoeiros da Floresta Negra.
 Em FREIBOURG, na Alemanha, passamos um bom tempo na praça principal, que estava completamente lotada, uma infinidade de pessoas aproveitando os raios do sol.   Havia muitos bares e restaurantes. Alguns músicos executavam suas composições musicais ao redor das mesas. Havia sol, músicas e risos por todo canto da praça por causa dos .grupos de excursões chegando e saindo, liderados por guias animados.  Ao fundo, um grupo de escandinavos cantavam calorosamente com uma pequena orquestra..  Percebemos bondes coloridos trafegando nas vias principais da cidade., o que nos chamou a atenção. Fotografamos toda aquela área festiva e conseguimos filmar.


                                          FREIBOURG   Foto:passioneperviaggio.blogspot.com


A nossa ideia era ir à Floresta Negra. Eu e Izidoro já a conhecíamos da primeira viagem à Europa. Pensávamos em comprar o relógio cuco lá, onde deve existir uma imensa variedade para escolher um modelo.. Entretanto, o encontramos na praça de Freiburgo. E, como Ary e Leila desistiram de conhecer a Floresta Negra, rumamos para Strasbourgo








                                         FREIBOURG




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                                           STRASBOURG    Foto:passioneperviaggio.blogspot




Chegada a STRASBOURG, que é arrondissement do departamento de BAS-RHIN (67), da região Grande Alsace Lorraine. Strasbourg é a metrópole da Alsace, intelectual e econômica. Trata-se, hoje em dia, de uma capital internacional. O rio RHIN atravessa a cidade e é navegável, servindo aos passeios de embarcações turísticas. Quando chegamos, ainda no carro, presenciamos o corre-corre de uma multidão. Foi uma luta para conseguir  um hotel. De informação em informação, chegamos ao hotel Suisse, nas imediações da praça da Catedral.  Era um local muito bonito. À noite, jantamos animadamente nas cercanias um delicioso chucrute alsaciano.
Antes de a noite cair, fizemos um passeio pelos arredores. A famosa catedral está situada numa larga praça, sobre as fundações de uma antiga basílica “rhénane” construída em 1015. Ela é ricamente ornada. Conhecemos dois “quartiers”: primeiro o da Cathedrale, onde se encontra a Maison Kammerzell de 1589, no ângulo norte e a mais antiga farmácia da França no ângulo sul; e segundo o da Petite France, antiga colönia de pescadores, com suas construções da Renaissance Alsacienne( século XVI e XVII), trançadas em madeira e flores diversas nas sacadas. É a Petite France que dá, sem dúvida alguma, o sentido histórico da velha Strasbourg. As ruas de comércio são convidativas pelas lembranças da cidade, pelas louças, arranjos e roupas. Há uma variedade de boutiques com vitrines atraentes e grandes magasins


                                                    Petite France       Foto:alsace.blogs-de-voyage.fr



A Petite France, com suas rues  Bain-aux-Plantes,  Escarpée,  rue dês Dentelles, com suas pontes,  seus  canais e suas casas em estilo “colombage”,  é um “quartier” histórico, situado na Grande Ilha de Starsbourg, que mereceu sua classificação em 1988, pela Unesco, de PATRIMÔNIO MUNDIAL DA HUMANIDADE.
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18.5.98: A saída de STRASBOURG foi logo depois do café. Ainda fizemos umas compras na praça da Cathédrale



                                          STRASBOURG    Foto: images.businessw












                                         STRASBOURG




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                                         LUXEMBOURG        Foto:luxembourg.co.uk


Visita a LUXEMBOURG. Praticamente passamos o dia inteiro pelas ruas de Luxembourg, entre seus prédios históricos, sua rica e abundante vegetação. Filmamos os pontos mais importantes da cidade e . almoçamos num restaurante chinês. O que falar sobre Luxembourg ?
Assim que chegamos, imediatamente, notamos que o verde dominaria nossos olhos. Parecia que estávamos entrando numa floresta urbana em seus bosques com uma paisagem variada e cheia de contraste,  de forma e cor.
As estreitas ruelas da velha cidade convidavam a um passeio a pé; colinas  e falésias  dariam .uma visão dos vales de Alzette e Petrusse; o Palais Grand Ducal e a Catedral de Notre  Dame; museus de arte e história de Luxembourg.

( O bom mesmo é sentar-se nos  cafés ao ar livre (esplanada) e , enquanto se bebe algo, deixar a vida rolar  no alarido dos passantes quando o sol  colore os prédios quietos da rua.) 






A  gente percebeu que a cidade de Luxemburgo devia  ser percorrida a pé, circulando no meio da natureza e entre velhos edifícios medievais., quando faríamos o percurso pela cidade desde a Praça D´Armas  até a Praça da Constituição.. Pelo  Chemin de la Corniche chegaríamos ao Castelo .Vim os as Casemates, com seus  túneis, corredores e armazéns subterrâneos, onde se refugiaram os habitantes da cidade na II Guerra Mundial.
O Boulevard Franklin Roosevelt é um ponto alto da cidade, com seus prédios alinhados e bem visíveis, tendo como centro a Place Guillaume II, onde se encontram a prefeitura, o centro de informações turísticas,  além de muitos restaurantes e lojas . Outro ponto de interesse é constiuído pelos jardins do Pétrusse  acompanhando o rio que corre no fundo do vale. A visão dos penhascos dos dois lados dos jardins,  que são rodeados de casas e árvores,  mostra uma bonita área verde daquela parte da cidade. Fica-se com  desejo de descer até o fundo do vale e mergulhar na sua imensidão bucólica  mas quando se pensa  na subida da volta, vem a desistência..
A cidade de Luxemburgo possui 110 pontes, o que explica, também,  a denominação  de “cidade das pontes”.

                                                PONTE ADOLFO   Foto:lerever.wordpress.com




O Grão-Ducado de Luxembourg funciona como um verdadeiro Estado com uma história muita rica. Está situado no coração da Europa, entre a França, a Bélgica e a Alemanha, tendo vivido as grandes evoluções europeias. 
Na idade Média  o país ostentou a coroa do Santo Império Romano Germânico. Antes de galgar sua independência, Luxembourg  pertenceu, numa sucessão, aos condes,  depois duques de Luxembourg, aos duques da Borgonha, aos reis da Espanha, aos reis da França,  aos imperadores da Áustria e aos reis dos Países Baixos.Uma sucessão de fatos e de acontecimentos moldaram essas transformações ao longo da história.






Os registros lendários e históricos dão que, em 963, um conde chamado SIEGFRIED, da dinastia carolíngia, descendente de Carlos Magno,  adquire uma abadia num promontório rochoso que dominava o rio de Alzette. De acordo com a carta de transação já existia no local um pequeno forte de origem romana chamado “Lucilinburhuc” . Assim, Luxembourg aparece nos primórdios da história, passando a constituir a cidade que se formará e depois o país. Atualmente, a cidade e o país têm o mesmo nome.
Segundo a lenda o conde SIEGFRIED teria se casado com MÉLUSINE, lenda de uma mulher-peixe que faz parte do folclore europeu e que teria desaparecido nas ondas do Alzette. Qualquer que seja o sentido dessa lenda, SIEGFRIED é a origem da casa de Luxembourg que,  no século XIV e na primeira metade do século XV, dará 4 imperadores ao império e 4 reis à Bohême.

                                                       MÉLUSINE - Foto lcto.lu


Nos registros lendários sobre Mélusine encontrei o seguinte: “” Quando o conde Siegfried das Ardenas comprou os direitos feudais sobre Luxemburgo em 1963, seu nome estava ligado a versão local de Melusina. Em 1997, Luxemburgo emitiu um selo postal comemorativo desta Melusina, que possuía basicamente os mesmos dons mágicos que a ancestral dos Lusignan. A Melusina de Luxemburgo fez surgir o castelo de Bock por mágica na manhã após o casamento dela. Pelos termos do matrimônio, ela exigiu um dia de absoluta privacidade a cada semana. Infelizmente, Siegfried, como os luxemburgueses o chamam, "não conseguiu resistir à tentação e num dos dias proibidos ele a espiou no banho e descobriu que ela era uma sereia. Quando ele soltou um grito de surpresa, Melusina percebeu-o e a banheira imediatamente afundou-se na rocha sólida, carregando-a com ela. Melusina surge brevemente na superfície a cada sete anos como uma bela mulher ou serpente, carregando uma pequena chave de ouro na boca. Quem quer que tire a chave dela a libertará e poderá tomá-la como sua noiva. "
Luxembourg, além de ser uma capital financeira, por sua longa história é uma capital cultural europeia por excelência. Um quarto do seu território é ocupado por espaços verdes. A sua vegetação abundante numa área diminuta lhe confere o título de  capital mais verde da Europa. É, também, o “país das rosas” em virtude de sua produção anual. Sua fama de ser a capital mais segura do planeta  é explicada por diversos fatores  sociais, culturais e ambientais, tais como sua condição e qualidade  de vida extremamente elevada..


                                         LUXEMBOURG         Foto:antonietaelias.blogspot.com




 
                                            LUXEMBOURG





sábado, 14 de abril de 2012


VIAGEM  À EUROPA  1998  (14.5.98 a 16.5.1998)  -  ALPES   8ª.  Parte.                                                                  

(Elsa Caravana Guelman e Izidoro Soler Guelman, Leila de Fátima Caravana Ávila e Ary Lima Filho)

SAVOIE ( CHAMBÉRY)  e HAUTE-SAVOIE (ANNECY)


                                                    SAVOIE   - FOTO:  walldesk.com.br

Retornamos à Savoia, só que agora aos seus pré-alpes do norte. Estávamos, contudo, bem perto dos Alpes do Norte.
Visita a CHAMBÉRY, 14.5.98,  a capital do departamento da Savoie.  Uma cidade bonita e um pouco  austera, com belas praças turísticas ( Place St.-Léger e Place du Château), um castelo (antiga morada dos senhores de Chambéry, depois dos condes e duques de Savoie) que foi transformado na prefeitura local. Avista-se logo a Fonte dos Elefantes: monumento popular da cidade, na rua de Boigne, uma das mais características de Chambéry por sua localização e animação. 
Chambery surge numa colina chamada  de Lémene. Depois de um período caótico de invasões, no século XI  chegam os “sires”de Chambéry. Surge mais tarde um castelo, que se torna residência oficial dos senhores de Chambéry.  Em 1232, o conde  de Savoie compra a  cidade dos Chambéry, ligando assim o destino de seus habitantes aos da casa de Savoie, que fazem de Chambéry a capital histórica da Savoie. No centro do monumento, que fica na rua de Boigne, uma coluna suporta  Benoît de Boigne.
O centro histórico de Chambéry remonta aos séculos XV e XVI. A fonte dos Elefantes foi construída em 1838 em honra a Benoît Leborgne, conde Boigne que voltou da Índia depois de prestar serviços a um príncipe indiano. A fonte foi estruturada de tal maneira que os quatro elefantes da Ásia formam, em suas posições, uma cruz, que representa o brasão da Casa de Savoie.
A cidade apresenta muitas ruas e praças convidativas ao turismo. A rua de Boigne contém numerosas boutiques elegantes, com seus cafés, salões de chá e confeitarias finas, com mesas e cadeiras  sob toldos. Ali  eram degustados o vermouth de Chambery e o vinho de Savoie, enquanto o pessoal elegante saboreava os doces enriquecidos pelas vitrines..
 A Praça  Saint-Léger tem esse nome como um reflexo do passado, pois pelo tipo de alinhamento das fachadas,  em formato de um longo fuso, ela não tem a imagem de uma praça. No passado, sim, ela foi o centro dos acontecimentos dando vida e animação à cidade..De qualquer parte, de qualquer ponto se poderia chegar a ela. Hoje é apenas uma via larga que guarda o nome de praça. Dessa local, contudo,  podem-se explorar numerosas ruelas que aparecem em todas as direções, um verdadeiro labirinto de “cours” e de “allées”, um emaranhado urbano,   com construções de todos os estilos e de todas as épocas, que, a despeito do passar dos anos, guardam a elegância de suas formas para, finalmente atingir a charmosa  rua Cruz de Ouro, onde se poderá admirar  uma infinidade de casas  da antiga aristocracia , remontando ao século XVI, com  passagens que oferecem aos habitantes do “quartier” um acesso direto às muralhas da cidade.
Um pouco de história enquanto o carro avança.  Quando deixamos Chambéry com destino  a  Annecy tínhamos certeza de que visitamos uma cidade cultural e historicamente importante da Savoie, que, por sua posição geográfica,  nos limites entre a  França e ITÁLIA, sempre foi objeto de disputa entre a monarquia francesa e a  Itália, que se dividia em vários estados independentes antes  da unificação promovida por Cavour e Garibaldi, no século XIX,  unificação essa que se efetuou tendo como núcleo o reino do Piemonte e da Sardenha,  governado pela dinastia homônima, ou seja, pela dinastia de Savoia.  A referida unificação da Itália foi feita com o auxílio de Napoleão III,  principalmente no que tange às lutas  para retirar do domínio austríaco regiões de fala italiana situadas  no nordeste da península itálica.  A ajuda francesa não foi, entretanto, gratuita, Com efeito, o preço do apoio de Napoleão III foi a cessão pelo Piemonte da Savoia à França, que foi anexada ao império francês em 14.6.1860, juntamente com Nice,  conforme previsto no Tratado de Turim,  assinado  após a batalha de Solferino. Durante a segunda guerra mundial, por um período efêmero, a Savoia esteve novamente sob ocupação italiana. 

                                               Praça Saint-Léger  - Foto: francethisway.com 






                                                               Rua de Boigne   -   Doto:francethisway.com


                                                                CHAMBÉRY -                                  
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Haute-Savoie                                                                                                         

Saindo  do Departamento de Savoie, começamos a percorrer a estrada que nos levaria ao Departamento de Haute-Savoie, em direção ao norte. Notamos que a Haute-Savoie  oferece uma grande variedade  de paisagens de montanha. O Departamento de Haute-Savoie  foi criado por um decreto imperial em junho de 1860, juntamente com o Departamento de Savoie.  A língua ( franco-provençal), sem falar nas origens célticas é a mesma, porém cada região de Savoie e Haute-Savoie tem um modo próprio de falar,  e é esta variedade que faz a riqueza cultural  dos savoyards. ANNECY é a capital de Haute-Savoie.

14.05.98:Chegada a Annecy. Como era extensamente bela!
.Não foi difícil encontrar um hotel  Ficamos no hotel ALP Frantour 2 noites para  poder melhor conhecer e desvendar os segredos e mistérios da cidade.
Annecy pode lembrar, numa primeira vista, por um aspecto ou por outro, Veneza, Bruges ou até Amsterdam pela profusão de canais, pelas flores e pela alegria contagiante. Mas, na verdade, ela é bem diferente quando vista em sua temática histórica, em sua arquitetura local. A cidade velha, a velha Annecy, constitui um acervo precioso para os estudiosos e os apreciadores do passado.
Jantamos no centro velho, num  restaurante ã margem do  canal. Do restaurante, assistimos um verdadeiro desfile de turistas que  procuravam onde jantar.  E isso se explica bem pelo fato de haver no local uma infinidade de restaurantes, tornando a escolha muito difícil, de pronto..
Isso aconteceu com a gente, custamos a escolher onde  jantar na nossa primeira noite em Annecy. Os cardápios eram todos convidativos.

(Já me haviam dito, algumas pessoas que souberam que eu iria aos Alpes, que Annecy era imperdível. Não foi, pois, surpresa para mim encontrar aquele patrimônio histórico respeitado e conservado. Surpresa foi apreciar todo esse patrimônio mesclado ao charme e à alegria da velha Annecy, quando me vi na rua Santa Clara com suas casas do século XVII, com suas arcadas e madeiras entalhadas, cruzando com minúsculas ruelas onde  grande número de turistas admiravam suas paredes carcomidas pelo tempo. Estavam ali eretas e serviam de testemunhas de uma época que há muito se fora e só os registros nas paredes. Impregnados de recordações sensações ainda lembravam.)


                                                  ANNECY  -  Foto: francemonthly.com

15.05.98:Pela manhã, visitamos a cidade velha com seu mercado característico e animado de cidade do interior da França. Subimos ao topo do Castelo de Annecy, que se avistava da cidade velha. Uma ladeira meio íngreme levava ao pátio do castelo. Tratava-se de uma construção monumental, como todos os castelos de médio porte da França. Percorremos as vastas salas e os salões com seus móveis característicos. Havia até uma excursão colegial percorrendo os meandros do castelo num alvoroço infantil e contagiante.

( Um monumento histórico me chamou a atenção por sua forma diferente, enquanto o canal lembrava o de Bruges. Verdadeiramente, ali estava a semelhança. Conhecido como “Palais de L’Isle” , construído  sobre uma ilha natural, tendo a forma de proa, lembrando uma galera ancorada no rio ao sabor das águas, bem no coração da cidade. Fica junto ao “Quais du Thiou”, por onde fluem as águas naturais do lago. Foi a primeira residência do castelão de Annecy desde o século XII. Em seguida foi ‘hôtel de ville’, sede da justiça, prisão,etc. Sua demolição chegou a ser prevista no fim do século XIX mas foi salvo graças a sua classe de monumento histórico. Parece que hoje em dia, em suas dependências, realizam-se exposições. Diz o folheto que é o monumento mais típico de Annecy e o mais fotografado. No mapa da cidade ele ocupa uma parte larga do rio, nas proximidades da igreja de Saint-François. É, realmente, de chamar a atenção do viajante.Le Palais de L'Isle est un musée construit au XIe sur un îlot formé par le Thiou. À maintes reprises utilisé comme prison, le Palais de L'Isle offre aujourd'hui un parcours historique de la région d'Annecy. On peut également y visiter les anciennes salles d'audience, les cellules des prisonniers ainsi que l'ancienne chapelle. Les façades et toitures du palais font l’objet d’une inscription au titre des monuments historiques depuis le 9 juillet 1974WIKIPEDIA)

                                           Palais de L'ISLE   -    Foto:ja-la-estive.blogs.sapo.pt 

                                            Palais de L'ISLE à noite  Foto:linternaute.com                                                                   

Pela tarde, fizemos um passeio de barco, contornando o Lago de Annecy, captando a beleza do verde, a profusão dos castelos e dos hotéis, enquanto a guia relatava, em francês, a história do local e seus feitos memoráveis. O passeio pelo lago deu uma ampla visão dos Alpes, do Mont Blanc com seus 4807 m e da cadeia de montanha Les Aravis, já bem distantes. O barco mostrou o que existia nas duas margens. Iniciamos, em Annecy, por Veyrier du Lac, avistando a seguir o castelo de Menthon St. Bernard até Talloires com suas praias e esportes náuticos; fizemos a volta em Doussard, na direção de Duingt, St. Jorioz, Sevrier e, finalmente, o desembarque em Annecy.

( Enquanto eu e Izidoro fazíamos o percurso pela embarcação, Ary e Leila resolveram alugar um pequeno barco para os dois percorrerem o lago de Annecy despreocupadamente. No princípio a gente até podia apostar corrida. Do barco, eu os avistava singrando em nossa direção. O pessoal do barco, que presenciava a cena, acenava para eles e houve até quem batesse palmas. Eles estavam sendo intrépidos. Da proa da embarcação, eu os filmei tentando nos alcançar. O filme mostra a Leila sorridente com a máquina fotográfica na mão e o Ary no volante da lancha. De repente, eles foram ficando pequenos, só uma mancha se avistava até que os perdi de vista. )

À noite, a cidade velha, com suas pontes, florida e iluminada é um convite ao passeio. Até a hora do jantar, percorremos as ruelas com seus restaurantes, suas lojas pitorescas. O folheto sobre a cidade, oferta do hotel Frantour, classifica Annecy como uma cidade artística, carregada de história no coração da Haute Savoie. E vai, mais longe, ao dizer que Annecy é a “Venise Savoyarde”, entre o lago e a montanha; é um local privilegiado entre a história e a natureza, tendo o pintor Cézanne sido seu admirador. Há um roteiro turístico sobre a “route des Ducs de Savoie”.
Ficamos imaginando o luxo e a riqueza da nobreza que habitava Annecy nos seus tempos gloriosos quando os nobres poderiam descer do castelo e acompanhar o traço sinuoso da rua Sainte-Claire, protegidos por suas arcadas irregulares para um passeio na “vieille ville”. Seria muito interessante!
Nessa última noite ficamos passeando e descobrindo o que poderia nos encantar ainda. A rua de L’Île é muito bonita e sugestiva, tanto pela manhã, radiosa pelo sol, como na noite em que fica  toda iluminada,  situada à margem direita com suas casas antigas. Um portal de estilo gótico esconde um “” cour” , que deveria ter sido de  uma habitação com suas  pequenas  “’ecuries” para guardar os cavalos. Há  ainda uma ponte, a ponde dos Amores, que é uma passarela cobrindo o canal e separando as duas partes: Europe e Pâquier.

                                         Annecy e sua ponte     Foto:  leblogdechonchon.over-blog.com

Annecy- Foto: flickriver.com




Annecy 
    
                                             
                                               LAGO DE ANNECY

16.5.98: Saída de ANNECY logo pela manhã, depois do café..
Na saída, contornamos o lago de carro. Era nosso intuito visitar o castelo de Menthon-Saint-Bernard. Chegamos às imediações do castelo, ainda pela manhã. A construção está situada no interior de um parque arborizado e bastante calmo. A todo instante, os pássaros cantavam. O único barulho que se ouvia era provocado também pelos pássaros, quando pulavam de um galho a outro. Um leve sol brilhava nas folhas das árvores. Ficamos diante de uma fortaleza medieval. Chegamos apenas muito cedo para a visita. O horário de visita era outro, mais tarde. O castelo é habitado pela família. Os descendentes de Menthon, desde o século XI, ocupam as dependências do castelo. É, portanto, um castelo vivo. Suas salas podem ser alugadas para recepções, seminários e casamentos. Comportam 150 pessoas sentadas.
A nossa conclusão é muito simples e objetiva quanto às duas capitais de Savoie e de Haute-Savoie. As duas belas cidades são muito importantes em relação à história e ao turismo.  A primeira delas me parece  mais comedida, mais tranquila e  mais homogênea com suas praças e ruas tradicionais sem dar, facilmente,  saltos  ao sabor das novidades.  Já Annecy é diferente. Basta um simples olhar para sentir que ela fervilha a todo instante ao sabor dos acontecimentos para os quais parece estar sempre preparada, possuída de uma alegria colorida que a torna, verdadeiramente, imperdível, dia e noite.